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Duas questões sobre textos dissertativos

A operação conjunta das polícias cariocas e das Forças Armadas para desalojar os traficantes de drogas de favelas da Zona Norte do Rio de Janeiro provocou uma compreensível sensação de esperança e alívio na população carioca e, por extensão, na de todo o país. A reação da opinião pública teve muito a ver, é claro, com a dimensão de espetáculo com que a mídia, especialmente a televisão, coloriu a cobertura desses acontecimentos. Mas isso foi apenas o começo. Qualquer possibilidade de solução duradoura para a falência da autoridade do Estado, que é o que, em última análise, está por detrás do drama carioca, depende de medidas firmes e radicais que só produzirão resultado a médio e longo prazos.
Essas medidas só poderão ser tomadas a partir do instante em que houver por parte de todos - da sociedade e dos vários níveis de governo - uma compreensão ampla e profunda da realidade que domina hoje o Rio de Janeiro. O ex-secretário nacional de Segurança Pública Luiz Eduardo Soares, que postou em seu blog uma longa e percuciente análise da atual crise carioca, não usa meias palavras para falar sobre a questão: "As polícias deveriam parar de traficar e de associar-se aos traficantes nos 'arregos' celebrados por suas bandas podres, à luz do dia, diante de todos". De acordo com Soares, a polaridade imaginada entre polícia e tráfico esconde o verdadeiro problema: não existe a polaridade.
Construir efetivamente essa polaridade, isto é, separar bandido e polícia; distinguir crime e polícia, teria de ser a meta mais importante e urgente de qualquer política de segurança digna desse nome. Para sanear as polícias do Estado do Rio., é preciso uma reforma radical. Há graves deficiências estruturais. Seus quadros, por exemplo, são pessimamente remunerados, o que constitui estímulo para a prática de atividades paralelas ilícitas.
Se não houver profundas reformas no sistema de segurança pública, mesmo que se acabe com a concentração territorial do tráfico, seus sócios - as bandas podres das polícias - vão prosseguir fortes, firmes, empreendedores, politicamente ambiciosos, economicamente vorazes, prontos a levar adiante essa atividade tão lucrativa. Essa é, sem dúvida, uma perspectiva sombria. Que se agrava quando se atenta para uma obviedade singela, geralmente negligenciada: drogas só são vendidas porque há quem as compre.

(Editorial do jornal O Estado de S. Paulo, 5/12/2010. Adaptado)

Qual tese é defendida no primeiro parágrafo? Identifique um ou mais recursos argumentativos usados para defendê-la.

Qual é a proposta para solucionar o problema discutido?

Vai mais uma dica aqui de como construir sua conclusão no texto dissertativo do Enem.


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